quarta-feira, 19 de setembro de 2012

O uso indiscriminado de órteses nas academias....


Órteses são aparelhos ortopédicos com a finalidade de estabilizar um segmento/articulação em ordem de dissipar parte da energia mecânica imposta a este em ordem de possiblitar um tratamento com dinamização do paciente, trocando em miúdos e falando claramente, são bandas de tensão, talas e aparelhos de compressão, geralmente removíveis que colocamos em articulações mais frequentemente em ordem de possibilitar que o esforço sofrido por aqeuele segmento adoecido seja menor o suficiente para que o paciente possa usar parte da capacidade funcional daquele segmento sem que esta utilização atrapalhe no processo de cicatrização. Sendo assim, elas tem indicações muito precisas e alem de indicação de uso, elas tem indicação de retirada também!


Veja por exemplo como tratamos um entorse de tornozelo onde haja uma contusão ligamentar importante sem rompimento e sem fraturas osseas ou lesões osteocondrais:

fase aguda: repouso, proteção, crioterapia (compressa gelada por 15min a cada 2h nas primeiras 48h) e elevação do membro. Nesta fase inflamatória queremos diminuir o processo inflamatório, impedindo que este se estabeleça por completo em ordem de dar mais conforto ao nosso paciente e possibilitar uma recuperação precoce.
fase subaguda: imobilização, geralmente com aparelho gessado, por 2 semanas sem fazer apoio ao solo do membro machucado, geralmente realizada com gesso, no comprimento suro-podálico (bota gessada). Nessa fase de cicatrização inicial o tornozelo submetido a qualquer carga ou movimento pode ampliar a lesão/contusão e mudar o prognóstido do paciente, provocando uma lesão completa que pode ter indicação de tratamento cirúrgico.
fase final: órtese suro podálica (vulgo robofoot), permitindo a descarga de peso no membro em recuperação por mais duas semanas, em ordem de adaptar o paciente novamente a suportar o peso do corpo sobro o membro em tratamento, lembrando que ao retirar a ortese de forma definitiva, indicamos fisioterapia motora para readequar rapidamente o tornozelo às amplitudes de movimento e suporte a carga determinados pela rotina normal do paciente.

Dessa forma , órteses não são, definitivamente, adereços. Vejo diariamente um abuso no uso de órteses, seja por pessoas que estao com dores articulares e tentam com a compressão oferecida por elas "dissimular" a dor (porque a dor alivia, mas não passa), seja por imaginar estar protegendo um determinado segmento do corpo e pasme você, tem gente que usa por acha bonito... isso mesmo... acho isso ridículo e perigoso...

quando usamos uma ortese numa articulação dolorida, por exemplo os mais comuns: joelho e punho, sem a indicação precisa fazemos duas coisas:

1. retiramos a dor porque a órtese confunde nosso sistema nervoso que tem de interpretar dois sinais: o da pressão exercida pela órtese e o da dor captada por nociceptores articulares. dessa forma a órtese não trata: mascara... e este é o risco: propiciar condições que uma lesão mais grave aconteça por falta do reflexo de defesa da dor.

2. o uso da órtese muitas vezes substitui ou pelo menos diminui a exigencia de remodelamento do sistema que ela protege por dissipar parte da força, criando um desequilíbrio entre a musculatura que ela "ajuda" e a musculatura que solicita essa musculatura estabilizadora. No uso da órtese de punho ainda, quem usa cronicamente acaba por desenvolver uma fraqueza realtiva da musculatura que estabiliza esta articulação, simplesmente porque a órtese (a faixa compressiva nesse caso), rouba parte da força que deveria ser feita pelos estabilizadores do punho. O passo seguinte é o desenvolvimento desigual entre bíceps/tríceps e estes musculos estabilizadores do punho, fazendo com que esta pessoa em particular, uma vez sem órtese, não seja capaz de realizar o exercício na mesma intensidade.

Dessa forma os "elastiqueiros" que me perdoem, mas órtese é para quem não deveria estar na academia ou para quem precisa de uma ajuda extra porque o peso que suporta é além do que um corpo humano médio suportaria (exemplo das faixas estabilizadoras da patela dos basistas durante os agachamentos mais duros...).

Já ouvi exdruxulidades cacófonas como "eu uso porque me dá um ar mais agressivo", ou "eu uso porque eu acho legal" ou ainda "eu uso porque beltrano usa" (normalmente um beltrano 12,5x maior e mais forte do que este...).

A mensagem deste post é: não sejam vítimas de manias de academia. quando vejo uma pessoa treinando com órteses eu espero e dou o tempo para ver quanto ela usa, para tentar identificar o o motivo dela utilizar este aparelho: adereço ou tratamento. claro que, tento com boas maneiras dar uma ajuda, porque no final, este é meu trabalho e minha vocação, mas, quem sabe da própria saúde e o que quer dela é cada um de nós em particular...

Não se enganem. Não precisam se fantasiar para treinar. Nosso bom e velho Arnold precisava dum par de chinelos, um short surrado e nem se falava em camiseta dry fit na época. essas coisas não fazem campeões, fazem só mais fashion victims de academias, e só para conhecimento, eu não desejaria ser somente mais um gordinho numa roupa de ginástica que come um pacote de doritos ao sair do treino...

viva o bom senso e o treino adequado e supervisionado!

abraço a todos e bom retorno do carnaval!

Muzy


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